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O Perfume


Embora este seja um livro que eu já queria ter lido há algum tempo, confesso que “O Perfume” não foi uma leitura fácil. Mas por culpa exclusivamente minha. Só depois de começar a ler que percebi que esta é uma obra do realismo mágico e então, esqueci tudo o que tinha pensado e me preparei para uma leitura diferente.

O livro conta a história de Jean-Baptiste Grenouile, um bastardo nascido em uma peixaria e abandonado por sua mãe imediatamente após o nascimento. Durante toda a vida, foi acometido por doenças graves e raras e acidentes (naturais e provocados) mas como que por mágica, sempre conseguia escapar com vida.

Crescendo em orfanato, a vida de Grenouille não foi fácil. Rejeitado por sua primeira ama de leite pelo fato de não ter cheiro próprio, todos ao seu redor consideravam-no uma pessoa estranha e assustadora. Mas o garoto era mais que isso; ele era especial por ter um olfato apuradíssimo. O mais apurado de toda a França, quiçá de todo o mundo! Jean-Baptista sentia o cheiro de tudo: do ar, dos objetos, da água, da terra. E sabia diferenciar todas as coisas usando um único órgão: seu nariz. As pessoas são estimuladas por coisas diversas: dinheiro, poder, sexo, comida. Grenouille era impulsionado pelos cheiros que sentia.

Foi seu nariz aguçado que lhe rendeu um emprego junto a Baldini, um perfumista decadente de Paris, que percebe em Grenouille a solução para sua falta de talento. Mas não foi apenas Baldini que se aproveitou da situação: enquanto criava mil e um perfumes fantásticos para seu mestre, Jean-Baptiste aprendia a arte de extrair o perfume das flores e transforma-lo na essência. No entanto, Grenouille se frusta ao constatar que as técnicas usadas por Baldini não são suficientes para a extração do perfume de qualquer outra coisa além de flores. Assim, ruma para Grasse, a cidade francesa mais avançada nas técnicas que ele procura.

Chegando em Grasse, depara-se com o cheiro mais maravilhoso que já sentira em toda a sua vida, que exalava de uma dama, ainda em fase de crescimento, mas que representava a perfeição. Grenouille precisava se apoderar daquele cheiro e fazer dele o seu próprio. No entanto, resolveu esperar até que a moça desabrochasse para que aquele incrível perfume amadurecesse com ela.

Enquanto esperava, moças em Grasse começaram a morrer. A única coisa que elas tinham em comum é que todas tinham os cabelos cortados e apareciam sem as roupas. Era Grenouille, que decidira que não esperaria dormente; não! Um perfume como aquele precisaria de base e fixador diferente daqueles que utilizava normalmente em seu ofício de ajudante de perfumista. E todas essas 24 jovens foram então reduzidas à essência, ao óleos indispensáveis para a produção do perfume perfeito de Jean-Baptiste Grenouille.



Grenouille não tem qualquer empatia, remorso ou traquejo social. Nem ao menos tem ideia do que sejam essas coisas. Ele sabia apenas que queria viver longe das pessoas, já que a maioria delas tornava com ar sujo com seu cheiro emporcalhado. Viveu 7 anos em uma caverna como resultado desse seus sentimento de desconexão e desprendimento social. Fazia coisas abomináveis por conta disso também.

Pode-se dizer que era prelúdio de azar. Nenhuma das pessoas que passaram por sua vida tiveram uma boa sorte, a começar pela mãe que foi presa, julgada e condenada a morte pelo abandono de Grenouille logo após o nascimento.

Como disse no início, esse não foi um livro tranquilo de ler. Tem capítulos inteiros destinados a descrição de cheiros, ou de momentos da vida dos personagens, ou de momentos político-sociais da época. Não são longos, é verdade, mas torna a leitura um pouco arrastada. Mas valeu a pena demais ter persistido, porque a obra me fez ficar pensando sobre ela uns bons dias.

4 estrelas!


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